Um país tão diferente dos outros, com uma cultura quase intocada, faz com que você queira conhecer ele inteiro! Infelizmente, não dá para fazer tudo numa viagem só (e voltaremos a Índia, com certeza).
Dentre tantos sonhos que tínhamos em conhecer por aqui, decidimos continuar explorando o Rajastão. Essa região desértica no norte da Índia é tão cheia de cor que cada cidade é nomeada por elas.
Chegamos em Jodhpur, a cidade azul, dona desse título por ter quase que um mar azul de casas na cidade velha. Como tudo por aqui, existem várias teorias a respeito do real fato das casas terem originalmente sido pintadas assim, há séculos atrás. Uns dizem que foram pintadas com a cor dos brahmanes que as habitavam, outros que é uma cor que repele insetos e mantém a temperatura agradável dentro de casa (afinal, estamos falando de deserto). Mas hoje elas compõem a paisagem da cidade dando ainda mais aquele toque místico indiano.
O Forte de Mehrangarh, o ícone da cidade, é definitivamente o forte mais belo que visitamos na Índia! Casa dos Marajás, guarda muitas relíquias usadas na época, e tem uma arquitetura muito bem conservada que leva você através de um túnel do tempo.
Tudo muito rico em detalhes, vitrais, ouro, adornos, tecidos. Milimetricamente pensado para proporcionar luxo aos Marajás. Adoro esse nome, não sei porquê, mas é sonoro M-A-R-A-J-Á. Dá vontade de falar. Rsrs
Não só de arquitetura vive um homem, não é verdade? Rsrs A vista do forte é de tirar o fôlego, e ao explorar o caminho descendo (pois pegamos um tuk tuk para subir) em direção a cidade caminhamos por um jardim lindo, que levava a uma tirolesa sobre a cidade azul. E então um mirante para observar a imensidão azul sob o pôr do sol.
Descemos andando pelas estreitas ruelas da cidade antiga para jantarmos. E que bela surpresa tivemos. Achamos um restaurante na cobertura, com uma comida maravilhosa e uma vista mais ainda! O Jhankar Choti Haveli.
Uma manhã para explorar o mercado e a região da Torre do Relógio (Ghantaghar Clock Tower), e depois uma ida ao Jaswant Thada para apreciar a beleza da típica arquitetura dos marajás. O mausoléu construído com partes em finas camadas de marfim brilha ao olhar.
Com uma caminhadinha até a estação de trem, compramos nossa passagem para a próxima parada: Jaisalmer. A cidade dourada do Rajastão (viu, falei que eram nomeadas pelas cores rsrs).
Pegamos um trem noturno e já até nos divertíamos vendo os ratinhos correndo pelos trilhos. ???? Ao chegar em Jaisalmer de manhã o calor foi ainda mais intenso. Sempre penso em como as mulheres aqui conseguem usar o sari o dia inteiro, acho belíssimo e estão sempre tão elegantes!
Primeiras impressões contam muito sobre um lugar. E nesse caso foram as melhores. Para nossa surpresa nosso hotel estava nos esperando na estação (uma coisa bem típica em Jaisalmer). E sim, a cidade é dourada. Tudo por conta de um arenito da região que é utilizado em 100% das construções. Exatamente 100%! E ele se ilumina ao sol, dando aquele brilho sutil no ar. Uma lindeza só!
Ah, e mais. Os ciganos! A região concentra muitos deles, que contagiam com a música, cor e risadas. Influenciando tudo por ali. Sem contar que eram nossos vizinhos, e ao chegar já nos sentimos parte de um filme da vida real. Não dá para explicar, tem que ir e sentir!
Um castelo de areia no horizonte. Essa era a vista belíssima do hotel que ficamos, e acho que enrolamos a tarde inteira no almoço para ficar só apreciando a vista. Inclusive a vida cotidiana dos nossos vizinhos ciganos. Tudo aquilo foi demais!
No dia seguinte saímos para explorar! O forte, as ruelas que levam até ele, as pessoas tocando a ravanahatha, os tapetes e patchwork, a beleza de cada metro quadrado em arenito dourado. Sem contar as havelis.
Haveli é um termo que se refere as mansões. Com entalhes nos arenitos, numa perfeição. Existem alguns famosos: o Patwa-Ki-Haveli, Salim Singh-Ki-Haveli e Nathmal-Ki-Haveli. Mas ao caminhar pela cidade você irá se deparar com outros havelis que são casas locais. Entramos em uma, que não vou lembrar exatamente onde, que tinha um jardim "de filme", balanço, quadros perfeitos e fotos antigas espalhadas por todo lugar. Ficamos apaixonados por aquela casa, tão cheia de tudo.
Jaisalmer é muito mais tranquila e limpa do que as outras cidades que visitamos, mas no estilo indiano de ser. É possível andar por toda cidadela. Fomos então até o lago Gadi Sagar, depois de um longo dia, para ver o pôr do sol. E que lugar! Um antigo reservatório natural, um pouco adaptado para retenção de água no século 14, que tem pequenos templos e santuários dentro dele. Um oásis literalmente.
Um plus, chegamos no começo de um festival de 10 dias, onde as pessoas vão para o lago no final da tarde para alimentar os peixes. E são milhaaares deles. Um tipo de oferenda para boa sorte no próximo ciclo lunar. Demais ver esses pequenos detalhes da vida cotidiana.
Pergunta: alguém imagina fazer uma viagem ao deserto e não passear num camelo? Nós também não. Principalmente se você está num dos grandes pontos da antiga rota da seda, onde sim, esse era o principal transporte por aqui. Partimos rumo ao deserto num jeep com uma trupe muito legal.
No caminho fomos ouvindo música Rajastã do nosso guia/dono do hotel. Paramos numa cidade fantasma no deserto, Kuldhara, que desapareceu da noite para o dia, ficando apenas os esqueletos de estruturas e os templos no local. Tudo muito cênico e um pouco assustador ao mesmo tempo, valendo muito a pena o passeio.
Depois seguimos para um forte também abandonado, com um visu incrível e um oásis a perder de vista. Daí fomos então para nossa primeira experiência com camelos. Podemos dizer que não foi a experiência mais confortável que tivemos, mas foi divertido. A cada segundo naquele animal pitoresco pensávamos: como as pessoas atravessam desertos sentados aqui??!
Nosso "desert safari" foi sensacional! Juntando com um pôr do sol no deserto e dormir sob nada além de estrelas, tornou tudo aquilo inesquecível.
Jaisalmer foi de fato nossa cidade favorita até agora! (Não gostamos de eleger assim, pois gostamos de cada cantinho que passamos, mas foi e pronto! Rsrs).
Deixamos com o coração apertado a cidade dourada, e vamos rumo a mais sagrada de todas as cidades da Índia: Varanasi!
Post sobre a cidade de Varanasi!!!
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