O encantado Reino dos Himalaias é um país pequeno, com 700 mil habitantes e é conhecido mundialmente como o reino da felicidade, pois lá é calculada a Felicidade Interna Bruta. A felicidade vem antes da riqueza, e isso é levado a sério. A televisão só chegou lá em 1999, o país inteiro não possui um único semáforo de trânsito e a paz parece reinar.
É difícil encontrar uma região que não seja montanhosa no Butão. O único aeroporto do país não fica localizado na capital, Thimphu, e sim em Paro e a pista de pouso é tão pequena (1.985 metros) que apenas poucos pilotos possuem licença para pousar lá, sendo um dos aeroportos mais perigosos do mundo. Em 2009 eram apenas 8 pilotos autorizados, mas meu guia local não soube informar os dados atuais.
Falando em aeroporto, esse aeroporto é tão lindo e nem parece um aeroporto. Você sai do avião direto para uma cena digna de um quadro. De cara: montanhas, uma foto gigante do rei e da rainha e o prédio de madeira, belíssimo. Pequenino, possui uma arquitetura local muito bonita. Vamos lá, em que lugar do mundo você vê as pessoas batendo fotos em plena alfândega, e o mais curioso, ninguém reclama? Eu nunca vi isso em lugar nenhum do mundo. A energia muda automaticamente, ainda mais de quem vem da caótica Calcutá, como foi o meu caso.
No Butão existe uma lei que toda a população local precisa utilizar a roupa típica para visitar os prédios oficias, como o aeroporto, banco, Dzongs, por exemplo. O que acontece é que é mais comum ver gente usando a roupa típica do que não. E eles se orgulham disso, e nos gera aquele impressão ainda maior de cultura mantida.
Kira e Tego para mulheres e Gho para os homens.
Bebida, drogas e cigarros são proibidos para os butaneses, mas pensando que isso também inclui a questão religiosa, faz sentindo dentro de suas crenças . As leis são severas e levam a prisão. Nós turistas somos liberados para beber durante a estadia no país.
Um fato interessante gera em torno da maconha no Butão: lá é como mato, existe por toda parte. E um fato curioso é sobre os cachorros na região. Eu nunca tinha visto na minha vida cachorros “chapadões”. É até engraçado, a grande maioria dos cachorros nas ruas simplesmente não se mexem, pois se alimentam também de maconha.
A visita o Reino da Felicidade possui algumas peculiaridades e para planejar uma viagem para lá é preciso atentar a alguns detalhes.
Para começar, não podemos planejar uma viagens dessas sozinhos, precisamos do intermédio de alguma agência ou hotel local para conseguir emitir o visto e entrar no país. No meu caso, eu costumo viajar para lugares exóticos com um amigo da família que se chama André Salgado, e olha só; é o melhor guia que existe! Então, ele monta o roteiro junto com a gente e voi lá! Toda a burocracia nos é enxuta. Mas a viagem sempre é em número pequeno e em geral, de amigos.
Mas, se você prefere realmente organizar tudo sozinho, precisa mesmo do intermédio local (que no meu caso, o André quem cuidou disso), e eu indico a agência “Amazing Dragons”, que foi quem nos agenciou por lá. O cara que foi meu guia local, o Dorji (guarde esse nome porque quando eu explicar o significado vai ser bem curioso), é uma das pessoas mais fantásticas que eu conheci na vida. Sem exageros. Espiritualmente e intelectualmente.
Viajar para o Butão é caro. A taxa, que antes era algo em torno de U$100 ao dia, agora em outubro de 2015 quando visitei, estava U$250 por dia. Ou seja, você paga essa taxa por dia de permanência lá, apenas para estar. Existem duas razões principais para essa taxa ter aumentado tanto: a primeira é que o turismo é uma das principais fontes de renda do país e com esse dinheiro eles garantem educação, segurança, etc etc etc, e a segunda, é que assim eles mantém o país mais isolado mesmo e a cultura mais preservada, com menos choques culturais.
Existem apenas duas companhias aéreas que levam: Drukair e Bhutan Airlines. No meu caso eu saí de Calcutá na Índia e voei de Drukair.
Voos para o Butão saem apenas de algumas cidades da Índia, Tailândia, Bangladesh, Nepal e Singapura.
O avião da Drukair é bacana e serve um lanchinho direito. Nada exótico, a não ser a fofura das aeromoças que claro, usam a Kira e o Tego.
Na saída, voei para Kathmandu, e essa dica é imperdível para o voo da volta: os lugares do lado direito vindo do voo de Calcutá, ok? são um verdadeiro camarote para os Himalaias, e melhor: o Everest! São mega disputados e eu tive o privilégio de conseguir esse lugar tão especial no voo. As pessoas ficam maravilhadas pois é o voo inteiro com esta vista belíssima, sem descanso!
Então, eu vou falar o que motivou a minha decisão. Escolhemos a época de acordo com o festival Teschu (de danças e máscaras típicas em culto a Buda), que acontece apenas uma vez ao ano no mês de outubro, que é exatamente o mês que tem menos chuvas. Estava programado para eu pegar mais frio do que o que realmente aconteceu, o friozinho foi ameno.
O ideal mesmo é evitar os meses de agosto e setembro, mas confirma com a agência local antes de decidir.
As wifis, que só existem nos hotéis, são bastante instáveis.
O Butão é um país cheio de crenças e tradições. Com grande maioria budista (apenas uma pequena parte da população ao sul do país é hinduísta) a religião é muito importante na vida dos butaneses. A religião faz parte das decisões tomadas pelo governo e do cotidiano da população.
Lá a poligamia é liberada (apesar de que os jovens não estão sendo tão adeptos). Lá não existem cemitérios, 100% da população é cremada.
Lembra do nome Dorji que comentei? Então, o significado desse nome está relacionado com o órgão genital masculino. Lá no Butão vemos em diversos lugares (e com simbolismos diversos) o órgão genital masculino. Antes que as gracinhas comecem a ser feitas é preciso entender a cultura o que isso representa para eles. Ok, para nós é estranhíssimo, mas a ara eles não tem simbolismo sexual NENHUM. Muito pelo contrário: significa proteção contra maus espíritos e também um culto a fertilidade. É possível encontrar nas pinturas das casas, dentro de templos, etc etc, inclusive na mão de um Buda no (inclusive no tiger´s nest).
A principal questão remete a religião, eles são muito apegados a religião. No Butão é muito forte a cultura de ser bom com o outro, fazer o bem, cultivar a natureza e vivenciar as doutrinas de Buda, até mesmo os mais jovens. A vida deles é permeada pela religião.
E isso traz toda a questão cultural que delimita importantes decisões do Estado. Por exemplo: o país possui muita madeira de qualidade, e poderiam ser exportadores e faturar com isso, certo? Porém eles preferem preservar a natureza e isso trás a felicidade.
Decisões assim fazem parte desta felicidade interna. É uma escolha de não desenvolver o país para preservar as tradições e a felicidade.
Segundo o guia local, “coincidência não existe, as coisas acontecem porque tem que acontecer, devemos ser bons, para que coisas boas aconteçam”. Frases assim são comuns entre os butaneses.
Ah! Os butaneses são um show a parte, um povo mega acolhedor e simpático.
Os butaneses, em sua maioria, são vegetarianos, mas isso não significa que nós que não somos não temos acesso a carne. Os restaurantes que fomos foram agendados previamente e foi solicitado um franguinho aqui, uma carninha ali.
Dos locais que já visitei na Ásia foi uma das melhores comidas. Lá tinha muitos legumes, saladas, mix de cogumelos, e tudo banhado a muita manteiga.
Então, viajar leve é o lema de viagens pro exterior né?
Eu costumo viajar de 13kg a 15kg, pois, especialmente na Ásia, muito voos possuem uma franquia de 20kg, além de que, se deslocar leve é muito mais confortável do que com malas gigantes.
Mas, que roupas levar?
No Butão os passeios incluem muitas visitas a templos, trilhas a pé, temperaturas mais friazinhas, com calor durante a trilha (todo mundo sua numa subida né?).
Então o bacana mesmo é aquela regrinha básica: cobrir ombros e joelhos, pois muitos locais é preciso se cobrir para ter acesso e roupas versáteis e confortáveis, além de um bom casaco para as noites frias.
Sapatos confortáveis para as trilhas, roupas confortáveis, que sejam fáceis de lavar caso precise, e para as mulheres, muitos lenços para variar a cara da roupa básica. Acho que é melhor evitar vestidos e saias, mesmo os longos, pois não são muito práticos para o estilo de passeios feitos no Butão.
O idioma local é a língua butanesa (dzongkha), mas facilmente encontramos pessoas que falam inglês.
A moeda local é o Ngultrum, e poucos locais aceitam dólares americanos, mas o meu guia local fazia o câmbio para gente de acordo com nossa necessidade. Não há dificuldade para realizar o câmbio.
O Butão não é nem de longe um país ideal para quem quer fazer compras, mas que viajante não compra suas lembranças de viagem?
Lá não é barato nem para souvenir bobo. Mas a dica é do lugar mais barato que encontrei: embaixo do Tiger´s Nest, pois são camelôs e não pagam impostos.
Outra dica é sempre negociar o preço, dá para abaixar MUITO do valor.
Visitei três cidades: Paro (a do aeroporto), Thimphu (a capital) e Punakha, que tem uma pegada mais rural.
Leiam agora nossa post com dicas das principais cidades do Butão: "Conhecendo o Butão: Thimphi, Punakha e Paro".
Esse artigo foi lido 12881 vezes!
Sobre o Autor